RESSUCITANDO O BLOG E FALANDO UMAS VERDADES QUE VÃO INCOMODAR MUITA GENTE...

Por:
Fernando Feio, vocalista do Pé Sujus, letrista, poeta fracassado e  scene report (Blog Cena Punk SP)!!!

Amores! - Amores não, isso é coisa de blog de menininha e eu nasci com um pau no meio das pernas... -
Leitores! Atendendo a pedidos estou de volta com essa bagassa. A falta de tempo, excesso de trabalho e projetos paralelos e um recente aborrecimento e desgosto com a cena me afastaram deste blog que já foi tido como "ótimo" e que agora está sendo chamado de "abandonado". Pois bem, acabei de tirar esse blog das ruas, do vício do crack, cortei seu cabelo, aparei sua barba, botei-lhe uma roupa social e uma bíblia debaixo do braço e o deixei novinho em folha e cada vez mais digno... apesar da bíblia ser só status de boa gente pra esse blog, que, recobrada a consciência, irá se tornar cada vez mais PUNK!

E como toda boa volta após sumiços sem justificativas, tenho que ter uma plausível né... Pois bem! Não digamos que do Mês de março em diante andei afastado da cena, pelo contrário, compareci em muitas Gigs, Organizei mais Gigs ainda, Vi shows de bandas como The Addicts, Cockney Rejects (dispensa postagem, resumo em uma frase: O MELHOR DO ANO!), Buzzcocks, Varukers (Em São Caetano e em Piracicaba, muito foda), entre outros que dariam várias postagens boas.
Mas ao mesmo tempo, várias merdas ocorreram na cena: um falecimento, fofocas comendo solta (sobrou até pro baixista da minha banda, que virou "careca" de acordo com as más línguas, vê se pode...), a volta de algumas bancas indesejáveis e atrasa-lado ao rolê (e o pior que os cara tem mulher e filho e fica na rua caçando assunto com os outros ao invés de cuidar pra própria vida...), um advento de "filhotes de careca" no rolê ( A maioria "Punks" surgidos em 2009 e que não precisavam de um ideal pra viver, mas de um grupo para andar), que incrivelmente nem tem verdadeiramente o tal ideal nacionalista que pregam e que vão partir pra uma próxima modinha quando ser careca não for mais legal; a banalização do termo "antifa" - Todo mundo virou antifa agora no rolê, mesmo sendo homofóbico, preconceituoso e machista... enfim, 2010 em minha concepção foi um ano horrível para a cena Punk em São Paulo e se alguém disser que foi bom é por que faz parte dos grupos citados que tem várias merdas feitas por aí como trunfos...

Pois bem, não é porque o rolê tá tomado de gente idiota que a luta não pode parar! Se em São Paulo tá essa lambança toda, vamos tentar resistir culturalmente - Já que nos protestos de 1º de maio, 7 de setembro e outras datas combativas os protestos mais parecem uma marcha policial que escolta os poucos manifestantes que em momento propício são encurralados e brutalizados pelo poder do estado... e mesmo assim os poucos que colam no protesto ainda tem a cara de pau de acender um baseado e andar com uma garrafa de goró, achando que é assim que a gente vai mostrar qual é a nossa postura de fato - Pra fumar maconha e tomar cachaça temos a passeata do Raul...

Em questão de resistência cultural, que meu desabafo sufocou no parágrafo acima, temos várias ações e projetos, como:

- 1 Minuto para o Caos - Peça teatral escrita e encenada por Punks pelos butecos do subúrbio (inclusive com esse que vos escreve atuando no papel de "político), teatros e CEUS da Cidade de São Paulo, e Região metropolitana, elaborado em parceria com a Cia. Esquizocenica de Teatro e o Coletivo Neurotikas, Esta peça foi vista por aproximadamente 1000 pessoas em todas suas apresentações de maio a dezembro - Parece pouco, mas é só o começo, e os Punks de som que me perdoem, mas irão ter que se acostumar com teatro nas gigs pois a vontade é maior e um novo projeto já está em discussão para estrear neste ano. Enfim, uma peça séria e ao mesmo tempo caótica, elogiada e apoiada por velhos e Renomados figurões da cena punk e por grupos que realmente sabem o que estão fazendo nessa porra de cena punk, além de mostrar aos punks que somos todos capazes de produzir um espetáculo teatral e não precisamos de nenhum Bortolotto ou coisa do tipo para nos dizer como faz numa cena ou como se faz em outra...

- Coletivo Neurotikas - O mais ativo coletivo punk em atividade em São Paulo (Doa a quem doer, as meninas são foda, não é porque eu sou amigo delas não, elas metem o loko mesmo e fazem acontecer nessa cena - o problema é que tem gente que não faz porra nenhuma no punk além de tirar foto de visu pra por no Orkut ou no Facebook e fica falando mal das minas), neste ano extrapolaram em ativismo prático! Podemos enumerar algumas ações (que eu me lembre... foi muita coisa!): Passeata na Cidade de Jacareí/SP (em parceria com os punks locais e presença de Punks do sul de minas gerais) Pelo dia Internacional da Mulher, reunindo cerca de 100 pessoas panfletando, expondo faixas e cartazes nesta pacata cidade do interior e terminando o ato num debate no finado Bar do Michu.; Exposição de Vídeos e Discotecagem feminista num evento no Hangar 110; Realização do evento Neurotikas Fest II no Cesar Bar (Itaim Paulista); Realização de vários eventos na Ocupação Mauá, na Luz (centro de SP), como "Ao Florir das Flores", evento que reuniu debates, palestras bandas punks e até o forró do pica pau (a melhor atração da noite); Evento Beneficente pelo dia das crianças, promovendo um grande café da manhã para as crianças da ocupação; Evento "Feminino e Feminista" com Bandas Punks femininas e Grupos/Cantoras de RAP... entre muito mais coisas que eu não lembro. Fato: as minas são foda, São Punk e o pau vai comer se alguém ousar falar merda delas - vai produzir alguma coisa bando de vermes parasitas!
Não estou desmerecendo outras iniciativas ou outras cenas, pois a cena que eu vivo e de que não vou sair tão cedo é a cena do SUBÚRBIO, onde o Punk acontece de fato, não em porta de galeria ou em locais "libertários" que a cerveja é 5 real, a gororoba Vegan de ontem é 3 reais e não dá nem pro começo e os anti-capitalistas usam tênis ecologicamente corretos de 300 reais que apesar denão ter nada de origem animal foi construído em Taiwan ou no Brás mesmo com mão de obra semi-escrava.
Mas meu objetivo é me aproximar de mais pessoas, iniciativas diferentes, intervenções diferentes. Porém, procuro me aproximar do que é honesto, pois uma cena que se diz libertária e chama as pessoas de fascistas por não seguir os seus princípios ou por comer carne não merece nem um pouco de consideração. Além da cena suburbana tenho também contato de longa data com a cena anarcopunk, que esteve meio parada ultimamente mas que em breve tá voltando com muita coisa boa pra gente e continuo apoiando desde que ninguém me encha o saco. Gostaria inclusive de ver nos comentários outras ações realizadas por grupos que não tenho contato ou não conheço.

Senti falta de Gigs Beneficentes - Eu que tô reclamando deveria dar o exemplo, mas a ultima GIG com 1 kg de alimento na entrada que organizei (com uma banda gringa inclusive), das 150 pessoas presentes só 20 trouxeram alimentos e ainda 10 kg dos alimentos eram açúcar, sem falar que um garoto saiu esfaqueado e eu quase tomo no cú.
Acho que se os Punks não sabem ser solidários com eles mesmos, imagina com os outros... daí as gigs estarem recebendo apenas dinheiro em sua maioria - as minhas gigs são em dinheiro para pagar segurança pra dar geral em todo mundo pra ver se pega um BO com alguém... coisa que não precisaria, mas a idiotice do "punk faquinha" tem que prevalecer acima de toda postura e ideologia no rolê e quem se mostrar contrário vai tomar facada...

Gigs Vazias: 2008, 2009, Gigs sempre cheias, independente de onde fosse, a galera tava sempre lá apoiando, prestigiando as bandas e a cultura punk e na santa paz. Esse ano a maioria das gigs eram sempre de lotação dispersa, clima efêmero e apático, talves por causa do já citado êxodo acéfalo de punks para o "carequismo" e gente de bom senso que ficou de saco cheio das patifarias e saiu fora da cena, além da cena continuar cheia de gente mendigando na porta pra entrar de graça com um maço de Marlboro no bolso, um pino de cocaína na mochila e uma garrafa de 51 na mão - Investimento aproximado de R$ 20 e pra pagar de R$ 3 a R$ 5 reais, na entrada do som não tinham... Vergonhoso...

TOP 5 DAS COISAS RUINS NA CENA:

1- Morte do Vocalista Tikão, da banda M-19 (Vai fazer falta, mas ouvi dizer que a banda continua - Valeu por tudo,mesmo sem conhecer admirava o trampo do cara)

2- Show do The Business, nem o show que eu não fui foi ruim... a banda de abertura nacionalista de direita e surpresa desagradável para os Punks pagantes e o destempero e intransigência dos produtores do show frente a críticas na internet, além de amigos presentes no show me falarem que os caras perguntavam algo como "Onde estão os Punks?", com um silêncio e ruidos de conversa da platéia como resposta.

3- Vira-casaca, os já citados moleques punheteiros que arrumaram uma nova turminha pra postar fotinha na internet com legendas do tipo "Anauê Honra e Disciplina" (hahahahahha).

4- Fim do programa ContraCultura, que passava nos domingos á tarde na rádio Trianon AM - Por falta de patrocínio, apoio e ouvintes - Afinal Punk é malvado no sábado, domingo assiste Faustão ou vai no shopping com a namoradinha pagodeira ver comédia romântica...

5- Protestos Miados - Hoje em dia ir ao protesto significa tomar borrachada. Quem tem vontade de protestar não vai por causa dos indesejáveis que se misturam no bolo... e os indesejáveis não colam também pois não tem gente suficiente pra muquiar os BO. Se continuar do jeito que tá, no próximo protesto é só pedir o uniforme da cadeia e as algemas ou então se Junte á causa dos policiais e participe da marcha rebelde sem causa de policiais que em maior número sufoca o número de punks presentes.
Mas rolaram coisas Boas também! E estas coisas boas podem se resumir apenas a gigs lotadas, como em outubro no Centro Cultural da Juventude ou em novembro no Hangar 110, Alguns coletivos aparecendo para somar na cena, como o Somos Vivos que trabalha desde fanzines até mesmo em stickers e stencil pelas ruas da cidade, a consolidação de vários espaços para a realização de eventos apesar das dificuldades, como o Noise Terror, o Cesar Bar (agora bem maior e com palco em novo local), O Balburdya, bar da Dona Edna e o recém inaugurado Porão em itapevi. Locais que mantém viva nossa essência de cultura e revolta e resistem ás dificuldades e ao tempo para oferecer espaço e eventos pra galera.
Neste ano fiz muito rolê pelo interior, tocando ou indo encher o saco dos outros, posso destacar Campinas e o Decontrol Rock Bar que quase toda semana tem Gig Punk/Hardcore, além da velha e boa Hocus Pocus em São José dos Campos trazendo as melhores bandas em gigs inesquecíveis na região do Vale do Paraíba. Saindo do estado de São Paulo, assisti a uma raridade: O Festival Sobrevivência Punk, na cidade de Itajubá/MG foi realizado em Praça Pública com uma aparelhagem fora de série e com presença maciça de Punks do Sul de Minas e do interior de São Paulo. Sem falar que me tornei frequentador assíduo da Rua Ceará, no Rio de Janeiro, onde fui em 3 Gigs totalmente podrera e underground que sempre trazem as mais representativas bandas da cena do Rio como Lacrau, Repressão Social, Pacto Social, Indigentes, Sub-Atitude, Desvio de Conduta, Falência Cerebral, entre outras. Ia ter um som no Alemão, mas a brutal invasão do exército foi no mesmo dia. Ainda bem que não tava de passagem comprada. Tais viagens enriquecem nosso currículo de experiências e nos trazem lembranças incríveis, além de aprendermos a lidar com cada cultura, cada jeito de ser e fazendo me convencer cada vez mais que vale mais a pena fazer um rolê beeem longe daqui da capital paulista.
Tá bom, devo ter reclamado pra caramba e ter comprometido algumas coisas da cena nessa postagem, mas tem solução: Mudar as posturas, rever as atitudes. Por um movimento PUNK mais combativo, ético, organizado e melhor esclarecido em 2011. Se isso ajudou a abrir os olhos ou chamou a atenção, reflita.. Como diz uma música de uma banda de um amigo, "Pense em você - Pode estar errado". Já se você achou um absurdo e odiou e achou isso uma puta falta de sacanagem é porque a carapuça serviu... aproveita que ela é sua e a enfie no rabo.

Enfim... prometo nunca mais abandonar vocês queridos leitores e me desculpe se essa postagem tá mais chula, cheia de palavrão e de gíria, mas o Feio bonzinho e tolerante com patifaria acabou faz tempo. E a próxima postagem, sobre GIG, será uma cobertura jornalística misturada com experiencias vivenciadas como sempre faço.

Don't worry. Take it easy my brother Charlie, Take it easy meu irmão de cor... 
(Salve Jorge Ben!)

7 comentários:

luis disse...

sensacional!!! e eu sempre leio esse bang aqui marcello, e sinto muita sinceridade nele, te conheço a milianos e sei q vc nao é comedia, muito pelo contrario, e 2011 tamo junto, suburbio é nóis hahaha = )

Rogerio Monteiro disse...

Super legal, Marcello. Aqui é o Rogério de Limeira. Vimos vc no kingston aqui aquela vez, to no seu orkut e facebook. Forte abraço e parabéns, vc escreve muito.

Anônimo disse...

concordo com tudooo escrito aima infelismente e uma realidade vivida na cena underground mas na minha maior opiniao e a perda do nosso irmao tikao que nos fara muita falta grd abxxx

Anônimo disse...

ops ass aranha

Adelvan disse...

Não sabia que o The Business tinha tocado no Brasil ...

Provos Brasil disse...

Muito bom!

Roberto Terremoto BluesMan disse...

França.... Vc é o cara que agita o movimento..... e seu blog é muito muito bom.